Uma das principais missões dos profissionais que cuidam da imagem de alguém ou de alguma instituição, pública ou privada, é tentar antecipar cenários –sejam eles cenários positivos, que permitam se planejar para aproveitar oportunidades com reflexos positivos para a imagem, ou cenários negativos, que permitam se prevenir ou evitar uma exposição ruim.
Merece atenção especial dos assessores de imprensa e gestores de reputação, portanto, toda situação que envolva a aceitação ou procura de patrocinadores. O mesmo vale para homenagens, brindes, apoio institucional e até mesmo alguns tipos de fotografias.
Cito dois exemplos para ilustrar a situação:
Ganhou alguma repercussão, há poucos anos, a história de um falso empresário do ramo de educação que entregou diplomas de doutor honoris causa em diversas áreas, falsamente emitidos por sua falsa universidade, para personalidades públicas. Ao registrar em fotos ele mesmo entregando as homenagens, o golpista conseguia mais veracidade para sua história. Até que ela foi desmontada e os homenageados precisaram explicar que também foram vítimas do golpe.
O outro caso é mais recente e foi até objetivo de reportagem do Fantástico, em novembro deste ano.
Uma falsa empresa de investimentos financeiros chegou a angariar clientes que transferiram para ela cerca de R$ 170 milhões. Para deixar o golpe de pé, o responsável pelo golpe contratou personalidades para divulgar sua marca e anunciou em espaços relevantes, como camarote do Carnaval do Rio de Janeiro e clubes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Tudo isso ajudou a dar um ar de veracidade e credibilidade ao falso negócio.
Descoberta a farsa, as marcas, rostos e nomes que estiveram associados ao golpe, mesmo sem saber, passam a precisar dar explicações. Num cenário ainda pior, podem aparecer como protagonistas da farsa em reportagens e até mesmo ser alvo de investigações e processos criminais.
É preciso, então, muita cautela para avaliar os impactos da aceitação de patrocínios, convites, homenagens e outras ofertas.
